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Catedral Mundial dos Orixás realiza reuniões inspiradas no neopentecostalismo

por Johnny Bernardo*

Inspirados no “sucesso” das igrejas neopentecostais, pais de candomblé do Rio de Janeiro decidiram dar um giro de 360 graus com o objetivo de atrair mais fieis. Com direção da Yalorixá Ya Yasmim de Iemanjá, e babalorixás Geremias de Ogum e Lázaro de Omulú, a Catedral Mundial dos Orixás ou Centro Espírita Ylê - Axé, com sede na Travessa Damião de Aguiar, nº 49, Maria das Graças, zona norte do Rio de Janeiro, tem chamado atenção por conta de seus trabalhos (“espirituais”) comparáveis ao Neopentecostalismo.

Além dos tradicionais jogos de tarô e de búzios, os pais de santo do Centro Espírita Ylê - Axé realizam sessões de cura e divulgam suas consultas em meios de comunicação do Rio de Janeiro e São Paulo, como em outdoors, programas radiofônicos e televisivos. Na rádio Metropolitana AM e TV NGT, são veiculados depoimentos de “cura” e utilizadas frases e palavras típicas de pastores neopentecostais, como "através de sua fé", "auxilio espiritual", "romper todos os obstáculos", "não se entregar", “equipe”, “fé”, “corrente”, "gente" etc.

Histórico

Principal líder e mentor do Centro Espírita Ylê - Axé, o pai-de-santo Donizete Souza Braga, conhecido como Geremias de Ogum, nasceu em outubro de 1952, em Candeias (BA). Aos cinco anos diz ter realizado seu primeiro “milagre”, quando, segundo o site do CEYA, teria “ressuscitado” um passarinho vítima de uma baladeira (estilingue). Aos 12, sua mãe, que havia sido diagnosticada com câncer, é “curada” após Donizete Braga realizar seis horas de preces. Em julho de 2001, novo “milagre”: uma mulher chamada Nádia, que sofria com um câncer de estômago, também teria sido “curada” após intervenção de Braga.

Apesar de famoso pelas “curas” e o fato de ter recebido, em 2009, a Honraria de Doutor Comendador da Ordem JK, Geremias de Ogum teve sua passagem pela justiça. Acusado de falsidade ideológica, foi preso em flagrante no dia 13 de julho de 2005, após determinação do então presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Antônio de Pádua Ribeiro. Segundo a Conjur, o investigado se fazia passar por padre em São Paulo e pastor em Santa Catarina, além de aplicar golpes em agências bancárias do Rio de Janeiro. Em julho de 2006, a 6ª Turma do STJ concedeu, por unanimidade, habeas-corpus em favor do pai-de-santo Donizete Souza Braga, segundo informações do Espaço Vital. Procurado, o Centro Espírita Ylê - Axé não se manifestou. 



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* é jornalista, pesquisador da religiosidade brasileira e das relações entre religião e sociedade, colunista do Gnotícias e do Núcleo Apologético de Pesquisas e Ensino Cristão (NAPEC)

Contato: pesquisasreligiosas@gmail.com